quarta-feira, 29 de abril de 2009

Traição (Betrayal)


Traicão (Betrayal)
By Anderson Lima


Harold vivenciou betrayal, escreveu e descreveu sentimentos que somente poderiam ser tão coesos, se o mesmo não tivesse medo e nem vergonha de compartilhar-los com o mundo.

Não chamaria de superação, tão pouco de castigo por negligência, porêm uma dádiva o qual felizmente, nem todos terão a oportunidade de experimentar.

É amargo?; sim é. (...) Porém mais amargo ainda, à parte de sentir-se traido por quem se ama; é perder o amor próprio.
Não se amar a tal ponto, onde preferível feixar os olhos ao reconhecer que, a maior traição cometida a cima de tudo é ignorar nossos próprios instintos à perverção da verdade ao extasy maior da solidão que se sente ao encontrarmo-nos sós.

Assim chegamos a esse mundo e da mesma forma partiremos.
Porque me privar do desconhecido se até mesmo o que julgamos conhecer tão bem, insiste em surpreender-nos todas as vezes com uma lágrima póstuma e um sorriso de dor? (...)

Já não tenho mais medo de me entregar a este novo mundo, o qual descobri em minha'alma.

Que minhas atuações sejam tão reais quanto as dores e alegrias que já experimentei neste mundo o qual não me pertence, porêm que permanece a impulsionar-me à a exploração e descoberta de novas fontes de vida.

29/04/09 (02:36:am)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

nova abordagem da Conferência de Imprensa

A Isabel prometeu uma abordagem diferente para "Press Conference"que interpreta com a Elisabete.
Infelizmente hoje não pode estar presente :(

Um Conto de Infidelidade

Tradução e selecção de texto de artigo de 20 abril, na página >>>>>>
Entre parentises, vão as minhas notas.
Um conto de infidelidade em "flashback"
Posted: 04/20/2009 09:05:11 PDT
Por John Farrell

"Traição" é uma peça cómica, uma peça não sentimental, uma peça duro e, finalmente, uma peça que toca a realidade da vida amorosa do próprio Pinter.

"Traição", originalmente produzido em 1978, traça um triângulo romântico da frente para trás no tempo – o início quando os ex-amantes Emma e Jerry se encontram anos depois do romance, e terminando no ponto em que o romance deles começa, sete anos antes. (Curiosamente, as rupturas acontecm normalmente no ano 7, ou 14. )

Emma é a mulher de Robert, e tem um caso com o melhor amigo do marido, Jerry, e mais tarde com um outro amigo. Destrói o casamento. Robert, que é o agente literário de Jerry, tem conhecimento do caso, pouco tempo depois que começou.
(pior que o amante saber que o marido enganado sabe de tudo, é saber que afinal ele sempre soube de tudo :))

"Traições" (Betrayal) - 1978


personagens de"Traições" (Betrayal) - 1978: Jerry, Robert, Emma.
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Publicado em: novembro 03, 2006
Um triângulo amoroso composto por dois homens e uma mulher ao longo do tempo. Emma, Jerry e Robert. Jerry e Robert são dois grandes amigos que trabalham no ramo editorial. Emma é mulher de Robert e foi amante durante muito tempo de Jerry - que também é casado, com Judith, e tem dois filhos, Sam e Sara, e manteve este relacionamento extra - conjugal com a mulher do melhor amigo durante alguns anos.A peça se inicia com o reencontro num bar dos ex- amantes, Emma e Jerry,algum tempo depois do término do relacionamento. A história, então, é contada em blocos de nove cenas em que, ao invés de avançarem no tempo, recuam. O autor traz ao conhecimento do público toda a história do triângulo amoroso do fim ao início, pois à medida em queacontece o avançar cronológico da duração do espetáculo, tem-se o retroceder cronológico dos fatos. A última cena da peça é, então, o ponto inicial do relacionamento e da traição, numa feliz oposição. A peça se passa nos anos 70. As cenas são sempre marcadas pelas estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Harold Pinter nos apresenta o início, meio e provável fim deste intrincado triângulo amoroso de forma invertida. É fácil visualizar o estilo de Pinter na construção dos diálogos em que se têm muitas pausas e a riqueza da situação está nas coisas em que se deixa de dizer, no subtexto.

"O Quarto" (The Room) - 1957


personagens de"O Quarto" (The Room) - 1957: Bert, Sr Kidd, Sr Sands, Riley, Rose, Sra.Sands

(na imagem Poster  do filme The Room, com Annie Lennox e Linda Hunt, relizado por Robert Altman

"Língua da Montanha" (Mountain Language) - 1988


"Língua da Montanha" (Mountain Language) - 1988:
Esta peça remete-nos para os acontecimentos na década de 90 de opressão do povo curdo por parte da Turquia.

sábado, 25 de abril de 2009

Pinteresco


Tradução de excertos do artigo "Harold Pinter Enters the Silence Of the Long Pause" por John Heilpern, que privou com Pinter na sua casa, sendo que o artigo refere um desses encontros.
publicado a Em 6 Janeiro 2009, no The New York Observer


As peças de Pinter logo pelos anos 60 e 70, marcaram uma especificidade no panorama teatral e dramatúrgico em língua inglesa. Peças carregadas de situações de mistério, ameaça, e paranóia, como O Regresso a Casa(1965), Tempos Passados(1971), ou Traições (1978), trouxeram uma nova palavra para a língua inglesa : Pinteresco (Pinteresque).
Por Pinter encetou-se novas linguagens literárias e dramaturgicas, e alcances dos diálogos.
Dois importantes termos didascálicos são mormente apresentados: "Silêncio" e "Pausa".
Qual a diferença?
Tudo depende da duração que lhes é imprimida. Pinter introduz o poder do ambíguo, e o terror das emoções que se encontra nas entrelinhas-no que não é dito.
E com o Pinteresco vem muitas vezes a solene reverencia das catedrais nos silêncios e pausas, que revelam uma natureza musical ( e cómica).
Muito importante em Pinter são os pontos finais. Durante um ensaio de The Collection, Pinter diz a um dos maiores actores ingleses: Sir Michael Horden: "Michael, eu escrevi ponto, ponto, ponto; e tu só me estás a dar ponto, ponto."

Pinter e o Críquete


"I tend to think that cricket is the greatest thing that God ever created on earth - certainly greater than sex, although sex isn't too bad either,"

Uma das trivialidades que se publica em relação a Pinter era o facto de ser um exímio jogador de Cricket, tenho sido dirigente do Gaieties Cricket Club durante 40 anos.
Neste vídeo Pinter muito agastado pelos tratamentos de quimioterapia, dirije-se aos co-membros do Gaietes, aquando do 70ºaniversário desta agremiação, que contava com outras figuras relevantes do Teatro britânico entre os sócios.
começa por lamentar por não poder estar presente, prosseguindo um discurso emocionado ao desporto e clube do seu coração. Era a religião deste ateu.
Na imagem Pinter e os Gaietes em 1994.

"Drama happens in big cricket matches. But also in small matches. When we play, my club, each thing that happens is dramatic: the gasps that follow a miss at slip, the anger of an lbw (leg before wicket) decision that is turned down. It is the same thing wherever you play, really."

Ligações de Críquete
International Cricket Council
Críquete na Wikipédia em português
Comparação entre cricket e beisebol

terça-feira, 21 de abril de 2009

mais Platoon

que saudades devem ter estes brasileiros em Londres ao ouvir a banda Platoon neste medlley.
Parabens Anderson...

Platoon e Electro Re-Volt

Meus queridos,
Como é que eu vou arranjar tempo para digerir tanto talento?
Bom, recomendo-vos uma escuta pela Banda Platoon, do nosso Anderson, está aqui >>>>>

Outra olhadela interessante é o projeto musical da Fátima.
Aqui ficam umas imagens que nos ajudam a conhecer melhor o labor criativo da artista ;)

Gênio, profundo

... ghosts, some times I fell just like them too, but I know that I m not as pure as they are so I limit my self in just contemplate what they were here in life, wishing to unite our visions in the trip after this jorney.


(Espíritos, as vezes me sinto como eles também, porém sei que não sou tão puro quanto são,assim me limito a contemplar aquilo que foram em vida, esperando com desejo unir nossas visões na viagem logo após esta jornada)...

Anderson Lima


A cada dia me apaixono mais por essa insanidade que é Pinter. Ha feito e muito bem feito, a unica coisa capaz de eternizar um ser humano.
Escreveu...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

diga Sr. Briggs

Pinter em vida desejou que no seu funeral fossem proferidas as seguintes palavras de Terra de Ninguém "No Man's Land":
"Acho que nunca te mostrei meu albúm de fotografias. SE calhar vês alguma cara que te fará lembrar a ti mesmo, naquilo que já foste. Se calhar vês caras de outros, na sombra, ou faces de outros, virando-se, ou os maxilares, ou partes de trás do pescoço, ou olhos enegrecidos sob chapéus, que te fazem lembrar outros, que já conheces, que achas terem morrido há muito, mas dos quais ainda recebes um olhar, se conseguires ver um bom espírito benfeitor. Permite o amor de um bom espírito. Eles possuem toda essa emoção. Entalada... . Curva-te perante isto. Isto nunca irá libertá-los, mas quem sabe como eles podem reanimar ...nas suas amarras, nos seus frascos de vidro. Podes achar isto cruel ... pontapeá-los, quando estão amarrados, aprisionados? Não não ...No fundo, no fundo, eles desejam responder ao teu toque, ao teu olhar, e quando sorris, eles se alegram ... é incontornável. Então aí digo-te, entrega-te aos mortos, da mesma forma que queres que se entreguem a ti, neste momento, naquilo que descreves como sendo a tua vida."
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"I might even show you my photograph album. You might even see a face in it which might remind you of your own, of what you once were. You might see faces of others, in shadow, or cheeks of others, turning, or jaws, or backs of necks, or eyes, dark under hats, which remind you of others, whom you once knew, whom you thought long dead, but from whom you will still receive a sidelong glance, if you can face the good ghost. Allow the love of the good ghost. They possess all that emotion... trapped. Bow to it. It will assuredly never release them, but who knows... what relief... it may give to them... who knows how they may quicken... in their chains, in their glass jars. You think it cruel... to quicken them, when they are fixed, imprisoned? No... no. Deeply, deeply, they wish to respond to your touch, to your look, and when you smile, their joy... is unbounded. And so I say to you, tender the dead, as you yourself would be tendered, now, in what you would describe as your life."

"É Só Isso" (That's All That) - 1964

personagens de"É Só Isso" (That's All That) - 1964: Senhora A, Senhora B

"A Black & White" (The Black & White) - 1959

personagens de"A Black & White" (The Black & White) - 1959: 1ªMulher, 2ªMulher.

Duas amigas que se encontram numa cafetaria, e sem ter nada que fazer, e sem ter para onde ir, conversam sobre a sopa. O tema favorito são os autocarros que passam, rua abaixo, rua acima. Conhecem-nos todos, e seus horários.

"Conferência de Imprensa" (Press Conference) - 2002

personagens de"Conferência de Imprensa" (Press Conference) - 2002: Ministro, Reporter 1, Reporter 2.
Refere a edição portuguesa desta peça (da Relógio d'Água) que esta peça foi lida por Jorge Silva Melo e Joana Bárcia poucas horas depois da estreia em Londres. Foi no dia 8 de Fevereiro de 2002, com um Pinter já em tratamentos de quimioterapia.
Este foi o ultimo sketch de Pinter, onde reproduz a figura central de um Ministro da Cultura, num Estado totalitário. Um ministro que até recentemente era chefe da polícia secreta e que responde a perguntas sobre as atitude das crianças, das mulheres, dissidentes e críticos.

"A Nova Ordem Mundial" (The New World Order)-1991


personagens de"A Nova Ordem Mundial" (The New World Order)-1991 :Des, Lionel, Homem vendado.
Dois homens rodeiam um terceiro homem de olhos vendados e amarrado. As insinuações, a linguagem cruel e ameaças sobre o que irão fazer a este terceiro-homem, representam as forças no mundo de hoje que sufocam a liberdade. O medo e a insegurança que sempre se apoderaram de nós.

"O Serviço" (The Dumb Waiter)-1959



personagens : Ben, Gus
The Dumb Waiter (com 0 título Der Stumme Diener) estreou na Kleines Haus de Frankfurt, na Alemanha, em Fevereiro de 1959, com encenação de Anton Krilla e interpretação de Rudolf H. Krieg (Ben) e Werner Berndt (Gus).
Em inglês, a peça foi primeiro representada no Hampstead Theatre Club, a 21 de Janeiro de 1960, com encenação de James Roose-Heavens e interpretação de Nicholas Selby (Ben) e
e George Tovey (Gus).
A estreia em Portugal (com 0 título 0 Monta-Cargas) foi em 4 de Junho de 1963, na Sociedade Guilherme Cossoul, com tradução de Luís de Sttau Monteiro, encenaçao de Jacinto Ramos e interpretação de Filipe Ferrer e Carlos Nery.
O Serviço também estreou a 24 de Outubro no Festival de Teatro de Portalegre, com interpretação de Vítor Correia (Ben) e João Saboga (Gus) e cenário e figurinos de Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira e José Manuel Reis.
SINOPSE: Numa cave profunda abaixo de um café, dois assassinos esperam instruções para uma malfeitoria. Estando os dois a postos, não sabem quando serão chamados, ou quem será a próxima vítima. Uma coisa é certa: não esperavam pedidos de bifes e batatas fritas que entretanto lhes chegam de um monta cargas de restaurante! "The Dumb Waiter" (empregado de mesa mudo) é um Pinter típico: despojado, claustrofóbico, simultaneamente ameaçador e divertido. Como câmara de eco de questões mundiais, a peça levanta questões sobre o poder, a política, a sociedade, a amizade e, finalmente, a traição.

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aqui um extrato de 5 minutos

"Os Anões" (Dwarfs)-1960

personagens de"Os Anões" (Dwarfs)-1960: Len, Mark, Pete
Neste nosso trabalho (as peças de Pinter têm o dobro de actores que de actrizes), optamos por transformar Len em personagem feminino com tiques e obsessões. Ela (ela aqui para nós) está sempre em cena, e os dois homens (Pete e Mark) vão gravitando em torno desta personagem em diálogos e monólogos.
O tema desta peça é o da solidão daqueles que têm muita gente em redor.

sábado, 18 de abril de 2009

“Solidões” em cena no IPJ

O Grupo Reticências apresenta a peça “Solidões” hoje no auditório da Direcção Regional do Algarve do Instituto Português da Juventude (IPJ).

Adaptada de textos escritos por Harold Pinter em diversas épocas, “Solidões” é uma peça composta por oito quadros que retratam o quotidiano: o dia e a noite, a paragem de autocarro, a cada um o seu problema, a oferta de emprego, a crise na fábrica, a entrevista, o último a sair, o diálogo a três vozes e a noite.

O autor pretende transmitir a provocação indiferente de diálogos alheados, conversas paralelas onde a comunicação é estabelecida através de quase monólogos, absurdamente banais.

Harold Pinter, dramaturgo inglês recentemente falecido, é geralmente visto como o principal representante do teatro britânico na segunda metade do século XX, tendo sido galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 2005. Autor e poeta extremamente criativo, para além de inúmeras peças para teatro escreveu também para rádio e cinema.

A peça sobe ao palco pelas 21:30 horas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O passado é um país estrangeiro

artigo de Ivan Lessa
BBC Brasil em 17/04/2009 às 05h27m
"O passado é um país estrangeiro; lá, eles fazem as coisas de modo diferente." No meu entender, uma das mais espetaculares frases de abertura de romance.
Aqui, entre os ingleses, eles concordam. Vivem citando ao menor pretexto de uma nostalgia. Curioso não ter pego no Brasil. Está lá no filme de 1971, dirigido por Joseph Losey, roteiro de Harold Pinter, O Mensageiro(The Go-between). Michael Redgrave a diz logo no início.

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O filme de Joseph Losey que marcou uma entrada no universo de Pinter, um tal Pinter das leituras no sub texto. Em 1963 já tinha filmado The Servant.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Esta noite aconteceu-me algo estranho...(De uma outra perspectiva)

By Anderson Lima

Nem tudo que te atrai é bom...porêm o importante mesmo é que não comeste...

Eu te assistia enquanto atravessavas a rua em direção ao suposto cheiro, achei estranho continuei a observar porem decidi não fazer ruido algum, estavas com um olhar diferente, nem alegre nem triste,mas fixo. Queria tocar-te, não te faria mal algum, muito pelo contrário, porêm foi quando encontrei um molho de chaves com uma pequena bolsa vermelha que era usada como chaveiro, quando a peguei notei que haviam moedas em seu interior, as contei e eram exatamente cinco euros e trinta, como ja estava ficando tarde e realmente aquele cheiro estava demasiadamente atrativo, decidi deixar-te ir,sabia que te veria novamente, parei,te segui com os olhos, porem com olhos de fome, quando ja não te avistava, agarrei as moedas que havia encontrado, adentrei ao restaurante subterrâneo que dava de frente com a entrada do metro,pedi uma porção de bacon e tomei uma cerveja, me deleitei, paguei ao senhor de camisa xadrez que me atendera, me regressou o troco que eram exatamente um euro e dez, me levantei e subitamente me veio um sentimento de vazio, havia saciado a fome, entao não poderia ser meu estômago, e me lembrei das couves podres que havia visto na rua, quase ao mesmo instânte em que fixei meus olhos em suas curvas,suas pernas e seu cabelo, então compreendi.
http://andylimamusic.blogspot.com/

Efêmero

Efêmero -----------------------------Anderson Lima

Acredito em tudo e ao mesmo tempo em nada.
Vim de diversos mundos,porém não pertenço a nenhum.
Amo minha vida, porém não suporto estar aqui.
Não me refiro a espaço físico, mas sim da nostalgia que sinto, de coisas que ainda não fiz.
Ser humano é não ser nada, além do que realmente é
Nasce,cresce,envelhece e morre até a luz escurecer
Minhas pegadas sumirão.
A minha voz será somente o reflexo dela mesma, em canções que perderão seu sentido com o tempo
Eternidade eu quero agora e meus olhos se recusarão fechar ,até que olhem em seus olhos por uma única ultima vez
Ela é quem me acalma e me da vida
Quando entra em meus ouvidos da sentido e até aquece o frio da solidão
A beleza, será ela utopia ?...já que a beleza na verdade esta nos olhos de quem vê?...
A alegria, é matéria ou energia?, já que não sabemos separar nossas vontades
Entre aquilo que desejamos com os olhos , e o que nos da ganas de tocar.

Anderson Lima www.myspace.com/andylimamusic http://andylimamusic.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Poesia de Harold Pinter


A propósito do post anterior da Nádia, aqui lanço algumas páginas com Poemas de HP
selecção do The Guardian
Harold Pinter ponto org

terça-feira, 14 de abril de 2009

Poem (17 January, 1995)

Don't look.
The world's about to break.

Don't look.
The world's about to chuck out all its light
and stuff us in the chokepit of its dark,
That black and fat suffocated place
Where we will kill or die or dance or weep
Or scream of whine or squeak like mice
To renegotiate our starting price.

Harold Pinter

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Não olhes.
O mundo está prestes a rebentar.

Não olhes.
O mundo está prestes a despejar a sua luz
E a lançar-nos no abismo das suas trevas,
Aquele lugar negro, gordo e sem ar
Onde nós iremos matar ou morrer ou dançar ou chorar
Ou gritar ou gemer ou chiar que nem ratos
A ver se conseguimos de novo um posto de partida.

Harold Pinter. Tradução de Jorge Silva Melo e Francisco Frazão
Várias Vozes. Quasi, 2006

Esta noite aconteceu-me algo estranho...

Esta noite aconteceu-me algo estranho...
Estava eu a caminho de casa, depois da aula, quando reparo num rasto de couves apodrecidas no outro lado da rua. Ainda tentei ignorar mas depois de sentir um cheiro intenso a bacon frito vindo dos mesmos lados, não consegui resistir...tive de seguir aquele trilho.
Andei por entre ruelas que nem sabia existirem no meu bairro. Andei, andei, andei... e o rasto levou-me até ao mesmo sítio do qual havia partido horas antes. Durante esse tempo as ruas estavam desertas mas posso jurar que alguém me perseguia. Conseguia ouvir uns passos rápidos atrás de mim... Acelerei o meu passo e, por fim, cheguei a salvo a casa.
Só mesmo à porta de casa é que dei conta que tinha perdido as chaves... A minha sorte foi um anão de gabardina amarela e óculos de sol me ter aberto a porta do prédio. Deve ser o vizinho novo que chegou na semana passada... Não sei se algum dos andares estava para alugar na semana passada...
Ainda lá devem estar a morar as mesmas pessoas.
Não consigo entender... Já dei voltas e voltas à minha cabeça mas continuo sem saber porque é que aquele cheiro me levou a atravessar a rua. Eu nem gosto de bacon, faz-me azia...
Estranho...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"O Actor"

"O actor acende a boca. Depois os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor põe e tira a cabeça de búfalo, de veado, de rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente como o actor.
O actor acende os pés e as mãos. Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados. Bocado estrela. Bocado janela para fora. Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo ao pequeno talento humano.
O actor estala como sal queimado. O que rutila, o que arde destacadamente na noite, é o actor, com uma voz pura, monotonamente batida pela solidão universal.
O espantoso actor que tira e coloca e retira o adjectivo da coisa, a subtileza da forma e precipita a verdade.
De um lado extrai a maça com sua divagação de maça.
Fabrica peixes mergulhados na própria labareda de peixes.
Porque o actor está como a maça. O actor é um peixe.
Sorri assim o actor contra a face de Deus. Ornamenta Deus com simplicidades silvestres. O actor que subtrai Deus de Deus, e dá velocidade aos lugares aéreos. Porque o actor é uma astronave que atravessa a distância de Deus.
Embrulha, desvela.
O actor diz uma palavra inaudível. Reduz a humanidade e o calor da terra à confusão dessa palavra. Recita o livro. Amplifica o livro. O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia. O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor. Como a unidade do actor.
O actor é um advérbio que ramificou de um substantivo. E o substantivo retorna e gira, e o actor é um adjectivo. É um nome que provém ultimamente do nome. Nome que se murmura em si, e agita, e elouquece.
O actor é o grande nome cheio de holofotes. O nome que cega. Que sangra. Que é o sangue. Assim o actor levanta o corpo, enche o corpo com melodia, corpo que treme de melodia.
Ninguém ama tão corporalmente como o actor, como o corpo do actor.
Porque o talento é transformação. O actor transforma a própria acção da transformação.
Solidifica-se. Gasifica-se. Complica-se.
O actor cresce no seu acto, faz crescer o acto. O actor actifica-se.
É enorme o actor com sua ossada de base, com as suas tantas janelas, as ruas.
O actor com a emotiva publicidade.
Ninguém ama tão publicamente como o actor, como o secreto actor.
Em estado de graça. Em compacto estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela, acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento de onde brota a pantomima.
O actor vê aparecer a manhã sobre a cama, vê a cobra entre as pernas.
O actor vê fulminantemente como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.
O actor em estado geral de graça."

Herberto Hélder

Aula nº9

Trabalho sobre "Os Anões", a pares.
Nesta peça com dois personagens masculinos, era entregue uma sentença e correspondente contra sentença a cada par de actores como ponto de partida.
Inúmeras referencias a certas peças de mobiliário português.
Duas duplas experimentaram mesmo uma incursão ao absurdo à Pinter.
Primeira aula com Fátima Apolinário.

Pinta, da Pinta, Pinto, da Pinto

Segundo a Wikipedia na versão britânica, Harold Pinter usou o apelido Pinta, um apelido de origem portuguesa, raiz da qual Harold Pinter acreditava ser o seu nome derivado.
Usou também os apelidos da Pinta, Pinto, da Pinto nos primeiros escritos poeticos publicados.
A viúva de H.Pinter Antonia Fraser afiança no entanto que Harold Pinter descende da Europa de Leste.
Veja-se

domingo, 12 de abril de 2009

Personagens

As personagens de Pinter exprimem exactamente aquilo que lhes vem à mente e muitas vezes emerge directamente do inconsciente. Pode acontecer que isso nada tenha a ver com a acção ou com o que acaba de dizer a outra personagem. Para dizer a verdade, não há diálogo.As personagens de Pinter só se revelam aos poucos e de uma maneira incompleta: esse é o trabalho do actor.
Mervyn Jones

"As suas palavras não dizem o que dizem, dizem mais. O enigma é muito interessante porque está bem perto da verdade da vida."
Claude Régy àcerca de Harold Pinter

"O teatro de Harold Pinter revela um universo singular, cómico e aterrador, feito de sub-entendidos, mal-entendidos ou puros equívocos. Nele observa-se, como se fosse ao microscópio, personagens que vegetam confusamente, de quem quase nada se sabe e que, de repente, explode num confronto em que as palavras são armas mortais. Estamos no reino do falso para se atingir uma verdade que é ainda mais falsa. As perguntas que se colocam não são aquelas que nos vêm à cabeça e a resposta, ou a recusa de responder limita-se a aumentar o abismo da incompreensão. O pudor torna-se violência, o sorriso ameaça, o desejo impotência, a vitória desfaz-se."
Eric Kahane

Diálogos de pausas, Teatro de Silêncios

Pinter é daqueles autores com textos de tal dimensão que só nos resta nos colocarmos ao serviço daquelas palavras.
Comecei por propor à actriz Sofia Gonçalves, depois da gratificante experiência que foi “Os 5 Sentidos” e o período de 4 meses que se lhe seguiu, um curso de Expressão Dramática, mas que não seria um curso de Expressão Dramática qualquer, devia ser algo contendo uma força motriz especial. A ideia de lançamento de um curso de Teatro de Autor para poucos meses foi pois da Sofia Gonçalves. E foi a Sofia mais longe: propôs-me o nobelizado falecido na véspera de Natal.
Um Curso de Teatro de Autor, versando Harold Pinter (1930-2008)
Tarefa pesada, responsabilidade obrigatória, aceitei, recuei. Voltei a ligar-lhe para o arranque. Novos recuos. Novas aceitações. Uma planificação, e depois outra. Cada dia que passava em Janeiro, depois Fevereiro, os textos de silêncio parecia que pediam para ser representados.
Até 16 de Março, o grande dia de arranque desta jornada.
Este teatro que entrega ao Actor o decurso da situação, que o sugere na tensão de diálogos de pausas, declarações, e sempre : silêncios; já trouxe fascinantes e mágicos momentos, protagonizados pela dezena de alunos na sala 102 do Centro de Formação da Casa do Artista.

Domingo de Páscoa em família, em Alfragide.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Silêncio

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