terça-feira, 14 de abril de 2009

Poem (17 January, 1995)

Don't look.
The world's about to break.

Don't look.
The world's about to chuck out all its light
and stuff us in the chokepit of its dark,
That black and fat suffocated place
Where we will kill or die or dance or weep
Or scream of whine or squeak like mice
To renegotiate our starting price.

Harold Pinter

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Não olhes.
O mundo está prestes a rebentar.

Não olhes.
O mundo está prestes a despejar a sua luz
E a lançar-nos no abismo das suas trevas,
Aquele lugar negro, gordo e sem ar
Onde nós iremos matar ou morrer ou dançar ou chorar
Ou gritar ou gemer ou chiar que nem ratos
A ver se conseguimos de novo um posto de partida.

Harold Pinter. Tradução de Jorge Silva Melo e Francisco Frazão
Várias Vozes. Quasi, 2006

Esta noite aconteceu-me algo estranho...

Esta noite aconteceu-me algo estranho...
Estava eu a caminho de casa, depois da aula, quando reparo num rasto de couves apodrecidas no outro lado da rua. Ainda tentei ignorar mas depois de sentir um cheiro intenso a bacon frito vindo dos mesmos lados, não consegui resistir...tive de seguir aquele trilho.
Andei por entre ruelas que nem sabia existirem no meu bairro. Andei, andei, andei... e o rasto levou-me até ao mesmo sítio do qual havia partido horas antes. Durante esse tempo as ruas estavam desertas mas posso jurar que alguém me perseguia. Conseguia ouvir uns passos rápidos atrás de mim... Acelerei o meu passo e, por fim, cheguei a salvo a casa.
Só mesmo à porta de casa é que dei conta que tinha perdido as chaves... A minha sorte foi um anão de gabardina amarela e óculos de sol me ter aberto a porta do prédio. Deve ser o vizinho novo que chegou na semana passada... Não sei se algum dos andares estava para alugar na semana passada...
Ainda lá devem estar a morar as mesmas pessoas.
Não consigo entender... Já dei voltas e voltas à minha cabeça mas continuo sem saber porque é que aquele cheiro me levou a atravessar a rua. Eu nem gosto de bacon, faz-me azia...
Estranho...