"Conferência de Imprensa" (Press Conference) - 2002 Ministra da Cultura - Isabel Lima 1ªJornalista - Witeney Barata
"Traições" (Betrayal) - 1978 Emma - Carmén Mesa Jerry - Eric Santos
"O Candidato" (The Applicant) - 1959 Lamb - Luís Jardim Miss Piffs - Isabel Lima
"O Quarto" (The Room) - 1957 Rose - Ana Maria Oliveira Sr.Sands - Luís Jardim Sra. Sands - Sara Fontaínhas Riley - Eric Santos
"Língua da Montanha" (Mountain Language) - 1988 Sarah Johnsson - Witeney Barata Sargento - Luís Jardim Oficial - Eric Santos mulher mordida - Isabel Lima
"Um Para O Caminho" (One For The Road) - 1984 Nicholas - Eric Santos Nicky - João Filipe Perdiz Gila - Sara Fontaínhas
Foi docente do Departamento de Estudos Anglo-Portugueses da FCSH – UNL onde leccionou, entre outras, cadeiras de Tradução Literária, Cultura e Literatura Inglesas e História do Teatro. Foi, desde o seu início, professora de História do Teatro na Escola Profissional de Teatro de Cascais, onde foi ainda orientadora das monografias de final de curso, tendo-se debruçado sobre uma grande variedade de autores dramáticos.
Mantém actividade regular como investigadora, tendo publicado quer em Portugal, quer no estrangeiro, artigos diversos sobre Tradução Literária, Tradução para Teatro e Estudos Anglo-Portugueses. Faz parte do CETAPS (Centre for English, TranslationandAnglo-PortugueseStudies, FSCH-UNL e FLUP).
Como tradutora, trabalha quer para o teatro quer para edição. Traduziu, entre outrosautoresdramáticos, William Shakespeare, Tennessee Williams, Oscar Wilde, Terrence McNally, Ronald Harwood, Arnold Wesker, Henrik Ibsen, Tom Stoppard, Edward Bond, Hugh Whitemore, Nicholas Wright, A. R. Gurney, James Goldman, William Luce, Alejandro Casona e Molière.
Desenvolve actividade como dramaturgista e trabalhou com os encenadores João Mota, Carlos Avilez, António Pires, João Perry, Luiz Rizo, Richard Cottrell, Celso Cleto e Diogo Infante.
Para o TNDMII traduziu e trabalhou como dramaturgista nos espectáculos Leque de LadyWindermere, Oscar Wilde (enc. Carlos Avilez), Ricardo II, (enc. Carlos Avilez),Sonho de Uma Noite de Verão (enc. João Perry) e Rei Lear (enc. Richard Cottrell) de William Shakespeare.
Actualmente no Teatro Nacional Dona Maria II trabalha no espectáculo em cena "The Dresser"/"O Camareiro" de Ronald Harwood, onde assina a tradução.
Ainda acerca da possível lusodescendência do nosso autor veja-se o interessante artigo nesta ligação >>>>>>>>>>>>>>>>> As referências a Portugal e a mobiliário, e peças nobres de decoração originários de Portugal, são abundantes em "Os Anões"
Discurso de aceitação do Prémio Nobel da Literatura a Harold Pinter, em 2005.
pode optar em ler o discurso chamado de "Arte, Verdade e Política", ou olha-lo neste video do youtube, com tradução em castelhano. Também pode acionar o video, e depois fazer scroll pela tradução abaixo em português. Desculpe o leitor, mas não tive tempo de fazer um vídeo legendado em português. O Teatro de Pinter não me deixou.
Em 1958, escrevi o seguinte:
"Não há grandes diferenças entre a realidade e a ficção, nem entre o verdadeiro e o falso. Uma coisa não é necessariamente ou verdadeira ou falsa; pode ser ao mesmo tempo verdade e mentira".
Creio que estas afirmações ainda fazem sentido e ainda se aplicam à exploração da realidade através da arte. Assim, como escritor, mantenho-as, mas como cidadão não posso; como cidadão tenho de perguntar: Que é verdade? Que é mentira?
A verdade na arte dramática é sempre esquiva. Nunca a encontramos completamente, mas a busca por ela é compulsiva. A busca é claramente o que motiva o empenho. A busca é a tua tarefa. Muitas vezes, tropeçamos com a verdade na escuridão, chocando com ela ou vislumbrando uma imagem ou uma forma que parece corresponder à verdade, frequentemente sem nos darmos conta disso. Mas a verdade real é que na arte dramática não há tal coisa como uma verdade única. Há muitas. Estas verdades desafiam-se mutuamente, recusam-se mutuamente, reflectem-se mutuamente, ignoram-se mutuamente, provocam-se mutuamente, são cegas umas em relação às outras. Às vezes, sentimos que temos a verdade de um momento na mão, então escapa-se entre os nossos dedos e perde-se.
Perguntaram-me com frequência como nascem as minhas peças. Não sei dizê-lo. Como também não posso resumir as minhas peças, a não ser para dizer que foi isto o que aconteceu. Isso é o que elas dizem. Isso é o que elas fizeram.
A maior parte das peças são geradas por uma frase, uma palavra ou uma imagem. A palavra é com frequência rapidamente seguida pela imagem. Darei dois exemplos de duas frases que apareceram na minha cabeça do nada, seguidas por uma imagem, seguidas por mim.
As peças são The homecoming e Old Times. A primeira frase de The Homecoming é "Que fizeste com a tesoura?" A primeira frase de Old Times é "Escuro".
Em ambos os casos, não tinha mais informação.
No primeiro caso alguém estava, obviamente, à procura de uma tesoura e perguntava pelo seu paradeiro a alguém de quem suspeitava que provavelmente a tinha roubado. Mas eu, de alguma maneira, sabia que à pessoa interrogada pouco lhe importava a tesoura ou, já agora, o interrogador.
“Escuro”, tomei como a descrição do cabelo de alguém, o cabelo de uma mulher, e era a resposta a uma pergunta. Em ambos os casos vi-me compelido a dedicar-me ao assunto. Isto ocorreu visualmente, numa muito lenta graduação, da sombra para a luz.
Sempre começo uma obra chamando aos personagens A, B e C.
Na peça que se tornou The Homecoming, vi um homem entrar numa sala austera e fazer a sua pergunta a um homem mais jovem sentado num sofá feio a ler um jornal de corridas de cavalos. De alguma forma suspeitava que A era um pai e que B era seu filho, mas não tinha provas. Isto foi, no entanto, confirmado pouco depois quando B (que depois seria Lenny) disse a A (que depois seria Max), "Pai, importas-te que mude de assunto? Quero perguntar-te uma coisa. O jantar que tivemos antes, como se chama? Como o chamas tu? Por que não compras um cão? És um cozinheiro de cães. A sério. Pensas que estás a cozinhar para cães". Assim, como B chama “Pai” a A, pareceu-me razoável assumir que eram pai e filho. E havia também claramente o cozinheiro e a sua comida não parecia ser muito valorizada. Queria isto dizer que não havia uma mãe? Não sabia. Mas, como disse a mim mesmo então, os nossos princípios nunca sabem os nossos fins.
“Escuro”. Uma grande janela. Um céu ao entardecer. Um homem, A (que depois seria Deeley) e uma mulher, B (que depois seria Kate) sentados com bebidas. "Gorda ou magra", pergunta o homem. De quem falam? Mas então vejo, de pé junto à janela, uma mulher, C (que depois seria Anna), alumiada por uma luz diferente, de costas para eles, com o cabelo escuro.
É um momento estranho, o momento de criar personagens que até esse momento não tinham tido existência. O que se segue é irregular, vacilante, mesmo alucinatório, ainda que por vezes possa ser uma avalanche imparável. A posição do autor é esquisita. Em certo sentido, não é bem-vindo pelas personagens. As personagens resistem-lhe, não é fácil conviver com elas, são impossíveis de definir. Certamente não podemos dar-lhes ordens. Até certo ponto, jogamos um jogo interminável com elas, ao gato e ao rato, ao adivinha quem é [blind man’s buff], às escondidas. Mas finalmente descobrimos que temos pessoas de carne e osso nas nossas mãos, pessoas com uma vontade e com uma sensibilidade individual próprias, feitas de partes componentes que somos incapazes de mudar, manipular ou distorcer.
Assim, a linguagem na arte continua a ser uma ambiciosa transação, umas areias movediças, um trampolim, uma poça gelada que pode ceder sob os pés, os do autor, em qualquer momento.
Mas, como disse, a busca da verdade nunca pode parar. Não pode ser suspensa, não pode ser adiada. Tem que ser enfrentada, ali mesmo, no acto.
O teatro político apresenta uma variedade totalmente diferente de problemas. Há que evitar os sermões a todo o custo. A objectividade é essencial. Deve-se deixar que as personagens respirem por sua própria conta. O autor não pode confiná-las nem constringi-las para satisfazer o seu próprio gosto, disposição ou preconceitos. Tem de estar preparado para se aproximar delas de uma variedade de ângulos, de um sortido amplo e desinibido de perspectivas, talvez, ocasionalmente, tomá-las de surpresa, mas apesar de tudo, dando-lhes a liberdade para ir aonde desejem. Isto nem sempre funciona. E a sátira política, evidentemente, não adere a nenhum destes preceitos, na verdade, faz precisamente o contrário, o que é a sua autêntica função.
Na minha peça The Birthday Party creio que permito o funcionamento de um amplo leque de opções numa densa floresta de possibilidades antes de finalmente me concentrar num acto de subjugação.
Mountain Language não aspira a essa amplitude de funcionamento. Permanece brutal, curta e feia. Mas os soldados na peça, sim, divertem-se com aquilo. Um por vezes esquece-se que os torturadores se aborrecem facilmente. Precisam de se rir de vez em quando para manter o ânimo. Isto foi, evidentemente, confirmado pelos acontecimentos em Abu Ghraib em Bagdade. Mountain language dura só 20 minutos, mas poderia continuar hora após hora, uma e outra e outra vez, o mesmo padrão repetido de novo e de novo, uma e outra vez, hora após hora.
Ashes to ashes, por outro lado, dá-me a impressão de ter lugar debaixo de água. Uma mulher que se afoga, a sua mão que emerge das ondas, que se afunda e desaparece, procurando outras, mas não encontrando ali ninguém, seja acima seja debaixo de água, encontrando unicamente sombras, reflexos, boiando; a mulher uma figura perdida numa paisagem de naufrágio, uma mulher incapaz de escapar do destino que parecia pertencer apenas a outros.
Mas, como eles morreram, ela também deve morrer.
"...a maioria dos políticos, segundo a evidência disponível,
não estão interessados na verdade mas no poder
e na manutenção desse poder. Para manter esse poder
é essencial que as pessoas permaneçam na ignorância..."
A linguagem política, tal como é usada pelos políticos, não se adentra em nenhum destes territórios dado que a maioria dos políticos, segundo a evidência disponível, não estão interessados na verdade mas no poder e na manutenção desse poder. Para manter esse poder é essencial que as pessoas permaneçam na ignorância, que vivam na ignorância da verdade, mesmo da verdade sobre as suas próprias vidas. O que nos rodeia é portanto um enorme entrelaçado de mentiras, das quais nos alimentamos.
Como cada indivíduo aqui sabe, a justificação para a invasão do Iraque era que Saddam Hussein possuía um perigosíssimo arsenal de armas de destruição em massa, algumas das quais podiam ser lançadas em 45 minutos, provocando uma apavorante devastação. Asseguraram-nos que isso era verdadeiro. Não era verdadeiro. Disseram-nos que o Iraque tinha uma relação com a Al Qaeda e que partilhava a responsabilidade pela atrocidade de 11 de Setembro de 2001 em Nova York. Asseguraram-nos que isto era verdadeiro. Não era verdadeiro. Disseram-nos que o Iraque ameaçava a segurança do mundo. Asseguraram-nos que era verdadeiro. Não era verdadeiro.
A verdade é algo totalmente diferente. A verdade tem a ver com a forma como os Estados Unidos entendem o seu papel no mundo e como decide encarná-lo.
Mas antes de voltar ao presente, gostaria de olhar o passado recente, refiro-me à política externa dos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Creio que é nossa obrigação submeter este período a pelo menos algum tipo de escrutínio, ainda que limitado, que é tudo o que o tempo nos permitirá aqui.
Todos sabem o que aconteceu na União Soviética e por toda a Europa de Leste durante o período do pós-guerra: a brutalidade sistemática, as múltiplas atrocidades, a implacável supressão do pensamento independente. Tudo isto foi amplamente documentado e verificado.
Mas a minha contenda aqui é que os crimes dos EUA no mesmo período só foram registrados de forma superficial, não digamos já documentados, ou admitidos, ou reconhecidos sequer como crimes. Creio que isto deve ser encarado e que a verdade [sobre este assunto] tem muito a ver com a situação em que se encontra o mundo actualmente. Embora limitadas, até certo ponto, pela existência da União Soviética, as acções dos Estados Unidos por todo o mundo deixaram claro que tinham concluído que tinham carta branca para fazer o que quisessem.
A invasão directa de um estado soberano nunca foi, na verdade, o método favorito dos Estados Unidos. Na maioria dos casos, preferiram o que descreveram como “conflito de baixa intensidade”. Conflito de baixa intensidade significa que milhares de pessoas morrem, mas mais lentamente do que se lançássemos uma bomba sobre eles de um só golpe. Significa que infectamos o coração do país, que estabelecemos um tumor maligno e observamos o desenvolvimento da gangrena. Quando o povo foi submetido – ou moído a paus – o que vem a ser o mesmo – e os nossos próprios amigos, os militares e as grandes corporações, se sentam confortavelmente no poder, vamos à frente da câmara e dizemos que a democracia triunfou. Isto foi um lugar comum na política externa dos Estados Unidos durante os anos a que me refiro.
A tragédia da Nicarágua foi um caso muito significativo. Escolhi apresentá-lo aqui como um exemplo potente de como os Estados Unidos vêem o seu papel no mundo, tanto então como agora.
Estive presente numa reunião na embaixada dos EUA em Londres no final dos anos oitenta.
O Congresso dos Estados Unidos estava prestes a decidir se dar mais dinheiro aos Contras para a sua campanha contra o Estado da Nicarágua. Eu era um membro de uma delegação que vinha falar em nome da Nicarágua, mas a pessoa mais importante nesta delegação era o Padre John Metcalf. O líder do grupo dos EUA era Raymond Seitz (então número dois do embaixador, mais tarde embaixador ele mesmo). O Padre Metcalf disse: "Senhor, dirijo uma paróquia no norte da Nicarágua. Os meus paroquianos construíram uma escola, um centro de saúde, um centro cultural. Vivíamos em paz. Há alguns meses uma força dos Contra atacou a paróquia. Destruíram tudo: a escola, o centro de saúde, o centro cultural. Violaram as enfermeiras e as professoras, assassinaram os médicos, da forma mais brutal. Comportaram-se como selvagens. Por favor, peça que o governo dos EUA retire o seu apoio a esta revoltante actividade terrorista".
Raymond Seitz tinha muito boa reputação como homem racional, responsável e altamente sofisticado. Era grandemente respeitado nos círculos diplomáticos. Escutou, fez uma pausa, e depois falou com alguma gravidade. "Pai", disse, "deixe-me dizer-lhe algo. Na guerra, as pessoas inocentes sofrem sempre". Houve um frio silêncio. Olhamos para ele. Ele não piscou.
As pessoas inocentes, de facto, sempre sofrem.
Finalmente, alguém disse: "Mas neste caso as “pessoas inocentes” foram vítimas de uma horrível atrocidade subvencionada pelo seu governo, uma entre muitas. Se o Congresso concede aos Contras mais dinheiro, mais atrocidades desta tipo terão lugar. Não é assim? Não é, portanto, o seu governo culpado de apoiar actos de assassinato e destruição contra os cidadãos de um estado soberano?"
Seitz manteve-se imperturbável. "Não estou de acordo que os factos, tal como foram apresentados, apoiem as suas afirmações", disse. Enquanto abandonávamos a embaixada, um assessor estado-unidense disse-me que apreciava as minhas peças. Não respondi.
Devo recordar-lhes que o então presidente, Reagan, fez a seguinte declaração: "Os Contras são o equivalente moral dos nossos Pais Fundadores".
Os Estados Unidos apoiaram a brutal ditadura de Somoza na Nicarágua durante 40 anos. O povo nicaraguano, liderado pelos sandinistas, derrocou este regime em 1979, uma impressionante revolução popular.
Os sandinistas não eram perfeitos. Tinham a sua quota parte de arrogância e a sua filosofia política continha um certo número de elementos contraditórios. Mas eram inteligentes, racionais e civilizados. Propuseram-se estabelecer uma sociedade estável, decente e plural. A pena de morta foi abolida. Centenas de milhares de camponeses acometidos pela pobreza foram resgatados dos mortos. Mais de 100.000 famílias receberam títulos de propriedade sobre terras. Foram construídas duas mil escolas. Uma notável campanha educativa reduziu o analfabetismo no país a menos de um sétimo. Foram estabelecidos uma educação e um serviço de saúde gratuitos. A mortalidade infantil foi reduziu em um terço. A poliomielite foi erradicada.
Os Estados Unidos denunciaram estas realizações como subversão marxista-leninista. Do ponto de vista do governo dos EUA, estava-se a estabelecer um exemplo perigoso. Se fosse permitido à Nicarágua estabelecer normas básicas de justiça social e económica, se lhe fosse permitido subir os níveis de saúde e educação e alcançar a unidade social e o auto-respeito nacional, os países vizinhos poriam as mesmas questões e fariam o mesmo. Havia evidentemente nessa época uma feroz resistência ao status quo em El Salvador.
Falei anteriormente sobre “um entrelaçado de mentiras” que nos rodeia. O presidente Reagan descrevia habitualmente a Nicarágua como um “calaboiço totalitário”. Isto foi tomado de forma geral pelos meios de comunicação, e certamente pelo governo britânico, como um comentário correcto e justo. Mas, na verdade, não havia registro de esquadrões da morte sob o governo sandinista. Não havia registro de torturas. Não havia registro de uma brutalidade sistemática ou oficial por parte dos militares. Nenhum sacerdote foi jamais assassinado na Nicarágua. Havia, na veradde, três sacerdotes no governo, dois jesuítas e um missionário, Maryknoll. Os calaboiços totalitários estavam na realidade ao lado, em El Salvador e na Guatemala. Os Estados Unidos tinham feito cair o governo democraticamente eleito da Guatemala em 1954 e estima-se que mais de 200.000 pessoas tinham sido vítimas das sucessivas ditaduras militares.
Seis dos mais eminentes jesuítas do mundo foram brutalmente assassinados na Universidade da América Central, em San Salvador, em 1989, por um batalhão do regimento Alcatl treinado em Fort Benning, Geórgia, EUA. Esse homem extremamente corajoso, o Arcebispo Romero, foi assassinado enquanto dizia a missa. Estima-se que morreram 75.000 pessoas. Por que foram assassinadas? Foram assassinadas porque acreditavam que uma vida melhor era possível e que devia ser realizada. Essa crença qualificava-os imediatamente como comunistas. Morreram porque se atreveram a questionar o status quo, a interminável situação de pobreza, a doença, a degradação e a opressão que tinham recebido como herança.
"Digo-vos que os Estados Unidos são, sem dúvida,
o maior espectáculo ambulante"
Os Estados Unidos finalmente fizeram cair o governo sandinista. Levou alguns anos e uma resistência considerável, mas uma perseguição económica implacável e 30.000 mortos finalmente minaram o ânimo do povo nicaraguano. Estavam exaustos e acometidos pela pobreza uma vez mais. Os casinos voltaram ao país. A saúde e a educação gratuitas acabaram. As grandes empresas voltaram para valer. A “democracia” tinha triunfado.
Mas esta “política” não estava, de modo nenhum, restrita à América Central. Foi conduzida por todo o mundo. Era interminável. E é como se nunca se tivesse passado.
Os Estados Unidos apoiaram e em muitos casos engendraram cada ditadura militar de direita no mundo depois do final da Segunda Guerra Mundial. Refiro-me à Indonésia, Grécia, Uruguai, Brasil, Paraguai, Haiti, Turquia, Filipinas, Guatemala, El Salvador, e, claro, Chile. O horror que os Estados Unidos infligiram ao Chile em 1973 não poderá ser nunca purgado nem esquecido.
Centenas de milhares de mortes tiveram lugar em todos estes países. Tiveram lugar? E são elas em todos os casos atribuíveis à política externa dos EUA? A resposta é sim, tiveram lugar e são atribuíveis à política externa dos EUA. Mas vocês não o saberiam.
Nunca aconteceu. Nada alguma vez aconteceu. Mesmo enquanto acontecia não estava a acontecer. Não importava. Não tinha interesse. Os crimes dos Estados Unidos têm sido sistemáticos, constantes, imorais, cruéis, mas muito poucas pessoas falaram efectivamente deles. É preciso reconhecer isto aos Estados Unidos. Exerceram uma manipulação bastante clínica do poder em todo o mundo enquanto se disfarçavam como uma força ao serviço do bem universal. É um exercício de hipnose brilhante, até espirituoso, altamente bem sucedido.
Digo-vos que os Estados Unidos são, sem dúvida, o maior espectáculo ambulante. Por brutais, indiferentes, desdenhosos e implacáveis que sejam, são também muito inteligentes. Como vendedores não têm rival, e a mercadoria que melhor vendem é o amor próprio. Trata-se de um vencedor. Escutem todos os presidentes dos Estados Unidos na televisão dizer as palavras, “o povo americano”, como na frase “digo ao povo americano que é hora de rezar e defender os direitos do povo americano e peço ao povo americano que confie no seu presidente na acção que vai empreender em benefício do povo americano”.
É um estratagema brilhante. A linguagem é efectivamente utilizada para manter o pensamento descansado. As palavras “o povo americano” produzem uma almofada de tranquilidade verdadeiramente voluptuosa. Não precisamos de pensar. Simplesmente recostemo-nos na almofada. A almofada pode estar a sufocar a nossa inteligência e as nossas capacidades críticas mas é muito confortável. Isto não se aplica, evidentemente, aos 40 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza e aos 2 milhões de homens e mulheres prisioneiros no vasto gulag de prisões, que se estende ao longo dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos já não se incomodam com os conflitos de baixa intensidade. Não vêem nenhum interesse em ser reticente ou dissimulado. Põem as suas cartas na mesa sem medo nem favor. Simplesmente está-se marimbando para as Nações Unidas, para a lei internacional ou a discordância crítica, que encara como impotente e irrelevante. Também tem o seu próprio cãozinho que ladra seguindo atrás pela trela, a patética e indolente Grã-Bretanha.
O que aconteceu à nossa sensibilidade moral? Chegamos a ter alguma? O que significam estas palavras? Será que se referem a um termo muito raramente utilizado nestes dias – consciência? Uma consciência que tem a ver não só com os nossos próprios actos, mas também com a nossa responsabilidade partilhada nos actos dos outros? Está tudo isto morto? Olhem para a Baía de Guantánamo. Centenas de pessoas detidas sem acusação durante três anos, sem representação legal ou o devido processo, tecnicamente detidos para sempre. Esta estrutura totalmente ilegítima é mantida em desafio à Convenção de Genebra. Não só é tolerada, mas mal é considerada pelo que se chama a “comunidade internacional”. Este ultraje criminoso está a ser cometido por um país, que se declara a si mesmo como “o líder do mundo livre”. Será que pensamos nos habitantes da Baía de Guantánamo? O que dizem os meios de comunicação sobre eles? Aparecem ocasionalmente – uma pequena menção na página seis. Eles foram consignados a uma terra de ninguém da qual, na verdade, podem nunca mais voltar. No momento, muitos estão em greve de fome, a ser alimentados à força, incluídos os residentes britânicos. Não há subtilezas nestes procedimentos de alimentação. Nem sedativos nem anestésicos. Só um tubo inserido no teu nariz e dentro da tua garganta. Tu vomitas sangue. Isto é tortura. Que disse o secretário britânico dos Negócios Estrangeiros sobre isto? Nada. Que disse o primeiro-ministro britânico sobre isto? Nada. Por que não? Porque os Estados Unidos disseram: criticar a nossa conduta na Baía de Guantánamo constitui um acto pouco amistoso. Ou estais connosco ou contra nós. Assim, Blair cala-se.
A invasão de Iraque foi um acto bandido, um acto de evidente terrorismo de Estado, demonstrando um desprezo absoluto pelo conceito de lei internacional. A invasão foi uma acção militar arbitrária baseada numa série de mentiras atrás de mentiras e numa grosseira manipulação dos meios de comunicação e, portanto, do público; um acto visando consolidar o controle militar e económico dos Estados Unidos sobre o Médio Oriente disfarçado – como último recurso –, tendo todas as outras justificações caído por si mesmas – de libertação. Uma formidável afirmação de força militar responsável pela morte e mutilação de milhares e milhares de pessoas inocentes.
Levámos tortura, bombas de fragmentação, urânio empobrecido, inumeráveis actos de assassinato aleatório, miséria, degradação e morte ao povo iraquiano e chamamos a isso “levar a liberdade e a democracia ao Médio Oriente”.
Quantas pessoas é preciso matar antes de se estar qualificado para ser descrito como um assassino em massa e um criminoso de guerra? Cem mil? Mais do que suficiente, pensaria eu. Por isso, é justo que Bush e Blair sejam levados perante o Tribunal Penal Internacional de Justiça. Mas Bush foi esperto. Não ratificou o Tribunal Penal Internacional de Justiça. Por isso, se algum soldado ou, já agora, político americano se achar no banco dos réus, Bush avisou que enviará os marines. Mas Tony Blair ratificou o Tribunal e está, portanto, disponível para a acusação. Podemos proporcionar ao Tribunal o seu endereço se estiver interessado. É o número 10 de Downing Street, Londres.
A morte neste contexto é irrelevante. Ambos, Bush e Blair, colocam a morte bem longe, nas contas atrasadas. Pelo menos 100.000 iraquianos foram mortos pelas bombas e mísseis americanos antes de a insurgência iraquiana ter começado. Estas pessoas não têm importância. As suas mortes não existem. São vazios. Nem sequer estão registradas como estando mortas. "Não fazemos contagem de corpos", disse o general americano Tommy Franks.
No início da invasão foi publicada na primeira página dos jornais britânicos uma fotografia de Tony Blair beijando a bochecha de um rapazinho iraquiano. "Um criança agradecida", dizia a legenda. Uns dias depois apareceu uma história com uma fotografia, numa página interior, de outro rapaz de quatro anos sem braços. A sua família tinha sido explodida por um míssil. Ele foi o único sobrevivente. "Quando terei os meus braços de volta?" perguntou. A história foi deixada cair. Bem, Tony Blair não o segurava nos seus braços, nem o corpo de qualquer outra criança mutilada, nem corpo de qualquer cadáver ensanguentado. O sangue é sujo. Suja a tua camisa e a tua gravata quando estás a fazer um discurso sincero na televisão.
Os 2.000 americanos mortos são um embaraço. São transportados para as suas tumbas na escuridão. Os funerais são discretos, a salvo. Os mutilados apodrecem nas suas camas, alguns para o resto das suas vidas. Assim, os mortos e os mutilados apodrecem ambos, em diferentes tipos de tumbas.
Eis um extracto de um poema de Pablo Neruda: Explico Algumas Coisas:
E uma manhã tudo estava ardendo
e uma manhã as fogueiras
saíam da terra
devorando seres,
e desde então fogo,
pólvora desde então,
e desde então sangue.
Bandidos com aviões e com mouros,
bandidos com alianças e duquesas,
bandidos com frades negros abençoando
vinham pelo céu a matar crianças,
e pelas ruas o sangue das crianças
corria simplesmente, como sangue de crianças
Chacais que o chacal recusaria,
pedras que o cardo seco morderia cuspindo,
víboras que as víboras odiariam!
Frente a vós vi o sangue
de Espanha levantar-se
para afogar-vos numa só onda
de orgulho e de facas!
Generais
traidores:
olhai a minha casa morta,
olhai a Espanha quebrada:
mas de cada casa morta sai metal ardendo
em vez de flores,
mas de cada vão de Espanha
sai a Espanha,
mas de cada criança morta sai uma espingarda com olhos,
mas de cada crime nascem balas
que vos acharão um dia o lugar
do coração.
Perguntareis por que a sua poesia
não nos fala do sonho, das folhas,
dos grandes vulcões do seu país natal?
Vinde ver o sangue pelas ruas,
vinde ver
o sangue pelas ruas,
vinde ver o sangue
pelas ruas!
Deixem-me tornar claro que citando o poema de Neruda não estou de modo nenhum a comparar a República Espanhola com o Iraque de Saddam Hussein. Cito Neruda porque em nenhum outro lugar da lírica contemporânea li uma descrição tão visceral e poderosa do bombardeamento de civis.
Disse antes que os Estados Unidos estão agora a ser totalmente francos ao pôr as suas cartas na mesa. Esse é o caso. A sua política oficial declarada é agora definida como “domínio de espectro total”. Este não é o meu termo, é o deles. “Domínio de espectro total” quer dizer controle da terra, mar, ar e espaço e todos os seus recursos.
Os Estados Unidos ocupam agora 702 bases militares por todo o mundo em 132 países, com a honrosa excepção da Suíça, claro. Não sabemos muito bem como chegaram lá, mas o facto é que estão lá.
Os Estados Unidos possuem 8.000 cabeças nucleares activas e operacionais. Duas mil estão em alerta permanente, prontas a serem lançadas 15 minutos após aviso. Estão a desenvolver novos sistemas de força nuclear, conhecidos como destruidores de bunkeres [bunk busters]. Os britânicos, sempre cooperativos, estão a planear substituir o seu próprio míssil nuclear, o Trident. A quem, pergunto-me, estão a apontar? A Osama Bin Laden? A ti? A mim? A Joe Dokes? China? Paris? Quem sabe? O que sim sabemos é que esta loucura infantil – a posse e a ameaça de uso de armas nucleares – está no cerne da actual filosofia política dos Estados Unidos. Devemos recordar a nós mesmos que os Estados Unidos estão numa permanente postura militar e não mostram sinais de a relaxar.
Muitos milhares, se não milhões, de pessoas nos próprios Estados Unidos estão manifestamente enojados, envergonhados e zangados pelas acções do seu governo, mas tal como estão as coisas não são uma força política coerente – ainda. Mas a ansiedade, a incerteza e o medo que podemos ver a crescer diariamente nos Estados Unidos não é provável que diminua.
Sei que o presidente Bush tem muitos escritores de discursos competentes, mas gostaria de oferecer-me como voluntário para o emprego. Proponho o seguinte breve discurso que ele pode fazer na televisão à nação. Vejo-o solene, com o cabelo cuidadosamente penteado, sério, confiante, sincero, frequentemente sedutor, por vezes empregando um sorriso irónico, curiosamente atraente, um autêntico macho.
“Deus é bom. Deus é grande. Deus é bom. O meu Deus é bom. O Deus de Bin Laden é mau. O seu é um mau Deus. O Deus de Saddam era mau, só que ele não tinha um. Ele era um bárbaro. Nós não somos bárbaros. Nós não cortamos as cabeças das pessoas. Nós acreditamos na liberdade. Deus também. Eu não sou bárbaro. Eu sou o líder democraticamente eleito de uma democracia amante da liberdade. Somos uma sociedade compassiva. Ministramos uma electrocução compassiva e uma compassiva injecção letal. Somos uma grande nação. Eu não sou um ditador. Ele é. Eu não sou um bárbaro. Ele é. E ele é. Todos eles são. Eu possuo autoridade moral. Vêem este punho? Esta é a minha autoridade moral. E não o esqueçam".
"A vida de um escritor é extremamente vulnerável"
A vida de um escritor é extremamente vulnerável, quase uma actividade nua. Não temos que chorar por isso. O escritor faz a sua eleição e fica colado a ela. Mas é verdadeiro dizer que estamos expostos a todos os ventos, algum deles certamente gelados. Estás por tua conta, sobre uma perna. Não encontras refúgio, nem protecção – a não ser que mintas – em cujo caso, evidentemente, terás construído a tua própria protecção e, poderia argumentar-se, ter-te-ás transformado num político.
Referi-me à morte bastantes vezes esta tarde. Vou citar agora um poema meu chamado Morte
Onde foi o cadáver encontrado?
Quem encontrou o cadáver?
Estava o cadáver morto quando o encontraram?
Como estava o cadáver encontrado?
Quem era o cadáver?
Quem era o pai ou filha ou irmão
ou tio ou irmã ou mãe ou filho
do morto e abandonado cadáver?
Estava o cadáver morto quando foi abandonado?
Foi o cadáver abandonado?
Por quem tinha sido abandonado?
O cadáver estava nu ou vestido para uma viagem?
O que o fez declarar morto o cadáver?
Declarou morto o cadáver?
Quão bem conheceu o cadáver?
Como soube que o cadáver estava morto?
Lavou o cadáver?
Fechou ambos os seus olhos?
Enterrou o corpo?
Deixou- o abandonado?
Beijou o cadáver?
Quando olhamos para um espelho pensamos que a imagem que nos enfrenta é exacta. Mas se nos movemos um milímetro a imagem muda. Estamos na verdade a olhar para um interminável leque de reflexos. Mas algumas vezes o escritor tem que estilhaçar o espelho – pois é do outro lado do espelho que a verdade nos olha.
Creio que, apesar das enormes dificuldades que existem, uma firme, inquebrantável, feroz determinação intelectual, como cidadãos, para definir a autêntica verdade das nossas vidas e das nossas sociedades é uma obrigação crucial que nos diz respeito a todos. É, realmente, obrigatório.
Se tal determinação não estiver incorporada na nossa visão política, não temos esperança de restaurar o que está quase perdido para nós – a dignidade do ser humano.
(reproduzido com a devida vénia a José Carlos Pereira a partir do Blogue de informação e de opinião DIÁRIO DE FELGUEIRAS)
Partindo de fragmentos de peças de Harold Pinter (1930-2008) como motivo para se fomentar uma aprendizagem e descobertas por entre os labirintos da montagem de uma peça de Teatro.
CONTEÚDOS do Workshop Harold Pinter 24 Horas
* Perspectiva crítica da arte de representar
* Abrordagem a uma colecção de textos de Harold Pinter visando o desenvolvimento de acções ao serviço da representação.
* Dinâmicas de confronto com o texto e consequente ligação ao espaço cénico
* Actividades de dimensão essencialmente pratica em ritmo de ensaio
* Trabalho de representação construído no tempo na minúcia de construção de personagem, estabelecimento de tempo e lugar de acção.
* Descoberta das emoções apropriadas à situação criada
* Escolhas sensoriais
* Introdução pratica à arte dramática
* Encontro com os sentidos
* Dinâmicas de grupo, trabalho de equipa
* Voz, Expressão Corporal, Gestualidade
* Fluxo contínuo em tarefas de escuta, estímulo à imaginação e criatividade
* Conhecimento da obra essencial de Harold Pinter, nas perspectivas literárias, sociais e filosóficas do Autor
* trabalho de composição, abordagens, desenvolvimento de cenas
O essencial do Teatro de Harold Pinter abordado neste workshop passa pelas seguintes obras:
Conferência de Imprensa
Um Para O Caminho
Festa de Aniversário
O Quarto
O Amante
Língua da Montanha
Cinzas às Cinzas
Traições
Uma Noite Fora
METODOLOGIA:
· Aquecimento físico e vocal
· Exercício tendente à disponibilidade emocional para a pesquisa
Começou a aprender Teatro com Luís de Lima, no então recem reinaugurado Teatro D Maria II (depois de muitos anos fechado por causa do grande incêndio de 1963), e dois anos depois vem a ser aluno de João Mota, nos cursos de Dança do Conservatório Nacional em 1982.
Estreia profissional como actor e bailarino no dia 24 de Abril de 1984, em Lisboa, no Teatro da Trindade, ao lado de Graça Lobo. Três anos depois, após uma presença assídua nos écrans de televisão, é convidado para protagonista da telenovela "Palavras Cruzadas", dirigido por Nicolau Breyner, contracenou com todos os grandes Actores deste tempo: Armando Cortez, Rita Ribeiro, Tozé Martinho, Rosa Lobato Faria, Fernando Curado Ribeiro, Henrique Viana, Carlos Quintas, José Raposo, Cristina Oliveira, Lia Gama, Helena Isabel, e tantos tantos outros. A partir dessa altura, para além da Televisão passa a interpretar papéis como Actor no Teatro com destaque para "Severa", pela mão do empresário Sérgio de Azevedo. Fez Revista no Teatro ABC com Maria João Abreu, Joaquim Monchique, Alice Pires.
No Teatro ligeiro teve como grande amigo, mestre, e mentor o grande Actor e Artista Plástico José Viana ("Ora Viva a Revista")
Sua actividade multifacetada fá-lo passar em numerosas interpretações pela Opera, pela Rádio, pelo Cinema feito em Portugal, quer produções nacionais, como co-produções com a Espanha, Itália, França e Luxemburgo, e, claro pela sua paixão que é a, Televisão. Bailarino da Companhia Nacional de Bailado, e digressão pelos Estados Unidos da América em 1990 com o Ballet Teatro do Porto.
Bailarino de Rui Horta em megaproduções de Teresa Guilherme na Cidade de Lisboa em dois anos seguidos (1987 e 1988 “Há Festa Em Lisboa”), onde contracenou com Maria Vieira, Herman José, Vitor Norte, Ana Bola, e ao lado de grandes músicos como Naná Sousa Dias, José Carvalho, Manuel Faria (Trovante), Vitorino, Filipa Pais, e o ainda bailarino Bruno Schiappa, o estreante Camané, a bailarina Shirin Stave, e tantos outros de enorme talento.
Sempre a apostar em eventos de sua iniciativa, AM é também um empreendedor e empresário do espectáculo e organizador de formações. A este aspecto comercial e empresarial, não está alheio a influência da colaboração com o grupo Sonae Telecomunicações, e na Expo98, a qual viveu intensamente cada um dos seus quase duzentos dias. A passagem pela Aviação Civil, onde adquiriu muitas aptidões que fazem o marketing modelar das acções de AM.
Beneficiou de forte influência dos mestres Patrick Hurde, e Tony Hulbert. Mas foi bailarino e discípulo igualmente de mestres e coreógrafos destacados como Wanda Ribeiro da Silva, Armando Jorge, Vera R.da Silva, Jorge Trincheiras o primeiro a acreditar nas qualidades de AM, vindo a promover a estreia juntamente com Ana Calafate, parceria esta que veio a durar mais de uma década.
Na formação como Actor desde 2006 abraçou a novidade das técnicas d'O Método com Marcia Haufrecht (membro do Actors' Studio e aluna de Strasberg) e anualmente desde esse ano até à actualidade, tem tido contacto com as formações da prestigiada Mestre e Encenadora, assim como com Bruno Schiappa, assistente e coordenador dos Cursos de M. Haufrecht, em Lisboa, desde 2000.
Como coreógrafo e encenador, destaque para trabalho de coreografia e assistência de encenação junto do Mestre Jorge Listopad, quer no Teatro da Universidade Técnica (La Vida Es Sueño), quer em tele-teatro na RTP (A Dança da Morte, de A.Strindberg). Trabalhou ainda com Herlander Peyroteo, Luiz Andrade, Carlos Barradas. Na televisão, coreografou diversos programas de entretenimento e passou pela criação das apresentações do grupo infantil Onda Choc, entre 1987 e 1990.
A actividade de monitor e Professor de Expressão Dramática de forma regular e pedagogicamente estruturada teve início no ano lectivo 2002/03 no Externato Cesário Verde, e com uma primeira montagem de "O Teu Sonho" com uma Classe de Teatro Musical daquele estabelecimento de ensino.
Mestre de Artes do Espectáculo, no Centro de Formação da Casa do Artista, tem desenvolvido desde 2004, na sequência de uma proposta do Mestre Raúl Solnado, a raiz de uma escola de Artes do Espectáculo (Teatro e Dança), embora numa fase inicial apenas na formação em Ballet Clássico.
Houve resultados como que imediatos nas produções de espectáculo, e posteriores edições em DVD, levados ao palco logo a partir de 2005; dezenas de alunos desde então têm obtido certificados internacionais em Ballet pela RAD (Reino Unido), e entre Classes de Teatro e Dança frequentam estes cursos actualmente cerca de 70 formandos.
Esta actividade da Formação em Teatro tem um objectivo cimeiro que é o da criação de estrutura profissional permanente de Artes do Espectáculo, e, nestes moldes, começou em Setembro de 2008, com uma primeira classe em formação de Expressão Dramática, que serviu à montagem do espectáculo em moldes profissionais "Os 5 Sentidos", levado à cena em 6 sessões entre 29 de Novembro e 8 de Dezembro de 2008.
Em Março deste ano teve início, com Sofia Gonçalves e Fátima Apolinário a criação e desenvolvimento das Classes de Teatro de Autor.
24 horas de Workshop de Teatro de Autor Harold Pinter Formação em técnicas de Interpretação, com enfoque nas pausas próprias do autor. Montagem de apresentação cénica. Rodagem de DVD com sketches representados pelos formandos. Apresentação final a 20 de Setembro Atribuição de Certificado Horário pós laboral Condições muito acessíveis. Início a 4 de Setembro na Casa do Artista Objectivo de apresentação final no Espaço Bento Martins, Carnide, Lisboa. Formação e Direcção: Antonio Miguens
Uma estreia pinteriana, hoje em São Paulo, pela Companhia dos Homens.
Inicialmente no primeiro post deste artigo tínhamos referido que esta produção em São Paulo seria levada à cena pela companhia Os Satyros. Ora os Satyros só acolhem a peça do agrupamento Companhia dos Homens. Veja-se o comentário ao artigo de Cesar Maier.
... nenhuma das minhas peças. Não sei descrever nenhuma. Só sei dizer foi isto o que aconteceu, foi isto o que disseram, foi isto o que fizeram. Harold Pinter.
Workshop de Teatro de Autor Harold Pinter (1930-2008) a partir de 7 de Setembro na Casa do Artista, até 20 Setembro 2009.: apresentação final na Galeria Bento Martins (com o apoio Junta de Freguesia de Carnide) Aula especial de apresentação a 4 de Setembro às 18h informações / Inscrições 96377 3636 http://teatro.antoniomiguens.com